Integralismo e História

Como muito apropriadamente sentenciou o Historiógrafo e nosso Companheiro, o Prof. Pimentel da Silva, "estamos cansados desses marxistas travestidos de Historiadores". Assim, a finalidade deste Blog é colocar a disposição do Povo Brasileiro a verdadeira História do Movimento Integralista, inclusive, com a fiel transcrição de Documentos Integralistas, quase sempre sonegados ou reproduzidos parcialmente ou adulterados cinicamente pelos pseudo-Historiadores. Além disso, aqui também serão expostos a Filosofia e o Método Integralistas da História. E, ainda, publicar-se-ão relatos sobre a História do Brasil e do Mundo, de Autores Integralistas.
Pelo Bem do Brasil!
Anauê!

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

“Brazilianists” e seu livros

Parte superior da 1ª página de O Integralista.

Gumercindo Rocha Dorea*

A avalanche dos estudos norte-americanos que, durante muito tempo, vinha obstruindo os caminhos da verdadeira interpretação histórica da vida brasileira – contemporânea ou não -, como que diminuiu inesperadamente. Não sabemos se por falta de verbas – o que é difícil de acontecer, pois as Universidades e Fundações estadunidenses estão sempre com as bolsas cheias para quem pretende estudar e pesquisar -, ou se pela falta de motivos que eles consideram e lhes mereçam a atenção.

Não obstante, as livrarias apresentam sempre novos títulos dos nossos vizinhos do norte. O último logo nos despertou a atenção, pela simples razão de que muito vivenciamos o tema por ele abordado: as eleições presidenciais de 1955. Disputavam, nessa época, Juscelino Kubitschek, Ademar de Barros, Juarez Távora e Plínio Salgado. O título da obra (muito reduzida, aliás, para o assunto), é: Como se faz um Presidente – A Campanha de JK.

Edward Anthony Riedinger é o felizardo que, financiado pela Ford Foundation, durante quatro anos (1968 -1972) perlustrou as Universidades de Chicago, Harvard e Oxford, pesquisando sobre “história brasileira” na Biblioteca do Congresso, em Washington, e em várias outras do Rio de Janeiro. Lamentavelmente, porém, mais uma vez vimos ser confirmada aquela assertiva popular de que o parto da montanha deu à luz um ratinho... e, o que é pior, deformado.

As andanças, os vôos, os jogos políticos e seus contatos, para todos estes setores a obra de Riedinger pode servir de roteiro. No tocante às informações sobre as várias personalidades que circularam na época, entretanto, se tomarmos apenas a figura de um dos candidatos, Plínio Salgado, imediatamente a desconfiança se implanta, não só pela superficialidade com que o autor reveste suas análises, como pelas informações totalmente erradas que transmite aos incautos leitores das trezentas páginas que compõem o livro.

Se, após quatro anos de pesquisa, o “brazilianist” norte-americano comete erros tão gritantes nas referências que faz ao criador do Integralismo brasileiro, como depositar confiança nas outras informações concernentes à disputa presidencial em que estavam envolvidos Ademar, Juarez e Juscelino?

Não vem ao caso, neste momento, saber se Riedinger gosta ou não de Plínio Salgado ou de seu pensamento político. Critica-se aqui o papel de quem pretende ser historiador e cuja obrigação é retratar, analisar e concluir, com dados honestamente acumulados e que decorrem de pesquisas isentas de paixão ou de ressentimentos infundados, quando não meramente gratuitos. Inverter o ritmo dos acontecimentos, ou deformá-los ao calor de posições partidárias não é o papel de quem pretende transmitir um conhecimento adquirido.  O falseamento, as piadas conclusivas ou o erro, como tal, nas informações, não é próprio do historiador consciente de seu mister.

Vamos aos dados, alguns somente, pois é-nos impossível, em poucas linhas indicar todos os erros cometidos pelo financiado pesquisador. A pág. 137, dois deles: “Vargas resolveu criar o seu próprio regime ditatorial, o líder integralista foi forçado a fugir para o exílio” e “Kubitschek recompensou Salgado dando-lhe o único cargo executivo federal que ele exerceu na vida: Plínio Salgado foi diretor do Instituto de Imigração e Colonização”.

Em que língua o termo “exílio” traduz uma “fuga”? Exilado foge? Quem está preso, é posto num navio e enviado para o exterior, contra a sua vontade está fugindo? Washington Luiz fugiu? Júlio Mesquita Filho fugiu? Euclides Figueiredo fugiu? Miguel de Unamuno fugiu? Pedro II fugiu? Napoleão fugiu?  Não acreditamos que o professor William H. MacNeill, da Universidade de Chicago, cujo “profundo e incisivo conhecimento da História foi fundamental” para a “compreensão do presente e do passado” de Edward Anthony Riedinger, lhe tenha propiciado tamanho despautério exegético...

Com quatro anos de pesquisa e o dinheiro da Ford Foundation, como conseguiu o “historiador” norte-americano saber que Plínio Salgado foi “diretor” do extinto INIC? Esta autarquia foi entregue ao Partido de Representação Popular, certo,  e o signatário destas linhas ocupou, por duas vezes, mais de uma de suas diretorias. Plínio Salgado, porém, jamais ocupou qualquer cargo público  - a não ser eletivo- em toda sua longa existência. E muito menos numa simples autarquia federal.

Há mais. Ficaremos, por hoje, somente nestes dois erros de palmatória, que dão perfeitamente o tom de aventureirismo de quem, não participando da vida brasileira, tenta interpretá-la. Para os  norte-americanos vá lá, afinal o dinheiro é deles e a manipulação da História visa atender a objetivos que ignoramos. Mas para nós, brasileiros, torna-se inconcebível que uma editora, no caso a Nova Fronteira, lhe dê guarida, sem ressalvas acauteladoras, permitindo-nos, assim, que lamentemos o dinheiro gasto, que bem melhor seria aproveitado na aquisição de outro, livro.

Publicado originalmente em “O Integralista”, Rio de Janeiro:  Ano  I, Nº 3, Agosto/Outubro de 1989; pág. 2.


*  ∑. Editor. São Paulo (SP).