Estátua de Lênine sendo destruída em Kiev |
Esclarecimento
Necessário: Diante da brutal agressão de que está sendo vítima a Ucrânia, muitos
Integralistas têm manifestado seu apoio à Nação Ucraniana, mantendo assim a
coerência histórica do nosso Movimento que, pela Palavra Autorizada do Chefe
Nacional, já em 1961, pugnava pela libertação da Ucrânia do jugo russo. Aos interessados em
conhecer melhor a situação política atual da Ucrânia recomendamos a leitura do
seguinte Artigo publicado no Portal Oficial do Integralismo: O Conflito entre a Rússia e a Ucrânia.
Plínio Salgado
Sessão de 24 de Julho de 1961.
O SR. PLÍNIO SALGADO – Sr.
Presidente, Srs. Deputados, a colônia ucraniana do Estado do Paraná constitui,
entre outras correntes imigratórias, uma considerável força propulsora do
progresso daquele Estado. Além de inteligentes e trabalhadores, os filhos dessa
nação trouxeram para nosso País um sólido critério moral decorrente de sua
concepção religiosa da vida.
O assunto que me traz à tribuna na
véspera do Dia do Colono, que se celebra amanhã, sendo de caráter internacional,
envolve um interesse brasileiro e, particularmente, um interesse do Estado que
represento nesta Casa. (1)
Trata-se do seguinte:
Os expoentes legítimos de todas as
organizações políticas da Ucrânia Livre, refugiados no Mundo ocidental, representando
as correntes ideológicas e partidárias do povo ucraniano, hoje submetido, na
sua terra, ao regime colonial russo, dirigiram à ONU um memorial que constitui
o mais clamante documento dos anseios de autodeterminação dos povos esmagados
pelo colonialismo russo.
O memorial é datado de 22 de janeiro
deste ano, aniversário da independência ucraniana, e está concebido nos termos
que vou ler:
“Senhor Secretário-Geral
da Organização das Nações Unidas, durante os últimos anos, os povos de vários
continentes conquistaram a sua liberdade e constituíram os seus Estados livres
e independentes. Estes povos, encontrando dificuldades na conquista ou na
consolidação da sua independência, dirigiram-se à ONU, obtendo dela um auxílio
moral e material.
A tese da “liberdade
individual” e a da “autodeterminação” conseguiram o reconhecimento de todo o mundo
livre.
Esta tese e este ideal,
entretanto, estão sendo hoje negados e violados pelas práticas do bolchevismo
russo contra o povo ucraniano e outras nações subjugadas por Moscou.
Um estado independente
ucraniano existiu nos séculos IX e XIV sob a forma de Principado e de
Grão-Ducado de Kyiu. No século XVII esta organização ressurgiu na forma do
Estado dos cossacos ucranianos, o qual, destruído no Século XVIII, reapareceu
em resultado das lutas armadas do povo ucraniano nos anos de 1917 a 1921, pela promulgação
de 22 de janeiro de 1918, como República Nacional Ucraniana.
A soberania desta
República foi reconhecida de jure e de facto por numerosas nações, inclusive
a própria Rússia Soviética.
Esta República Ucraniana
tornou-se objeto de agressão por parte dos bolchevistas russos, com ataques
simultâneos de seus vizinhos ocidentais. Na defesa da soberania da Ucrânia que existiu
como Estrado independente até 1921, tombaram nos campos de batalha centenas de
milhares de soldados ucranianos. Os agressores, porém, superaram militarmente a
Ucrânia e privaram o seu povo da sua independência.
A República Ucraniana
encontrou-se no âmbito do poder de Moscou, que a transformou a seu modo e a
incluiu, pela força, na União das repúblicas Socialistas Soviéticas.
A nação ucraniana, desde
o momento que foi privada de sua soberania e submetida a Moscou, opõe até hoje
ao invasor a sua resistência ativa e passiva. Estas lutas pela sua libertação
custaram ao povo ucraniano muitos milhões de vidas.
Para quebrar a
resistência ao povo ucraniano, os bolchevistas promoveram em 1933, no país
esmagado e escravizado, a famosa “fome artificial” em resultado da qual
morreram outros milhões de ucranianos.
Em 1947, a URSS e os
governos comunistas da Polônia e da Tcheco-Eslováquia concluíram um tratado
militar especial para o combate das forças ucranianas de resistência, que
constituíam o Exército Insurrecto Ucraniano.
O invasor moscovita
privou o povo ucraniano não só da sua independência, dos seus direitos nacionais
e políticos, das possibilidades de seu desenvolvimento cultural e espiritual,
mas, até da sua liberdade religiosa. Foram destruídas as igrejas tanto
católicas como ortodoxas. A hierarquia superior dessas igrejas e a maior parte
dos seus sacerdotes foram assassinados ou deportados para os campos de trabalho
forçado.
Os métodos que os
bolchevistas russos aplicavam para com a Ucrânia, tão apegada à sua liberdade,
indicam os movimentos populares e os levantes ainda recentemente esmagados,
indicam as revoltas dos condenados ucranianos nos campos soviéticos de trabalhos
escravos, indicam os meios pelos quais foi vencido o levante húngaro em 1956.
O imperialismo russo
submeteu ao seu domínio muitos povos. Todos eles se tornaram vítimas de
violências, quer as de repressão política, quer as da repressão às religiões.
Alguns desses povos foram completamente exterminados, constituindo esse
massacre um genocídio total.
O imperialismo moscovita
é o maior dos perigos para todos os povos livres. Este perigo só pode ser
afastado pela abolição do império russo-bolchevista e pela libertação das
nações por ele subjugadas. Entre estas está a Ucrânia.
O Império Russo, criado
pelo Czar Pedro I, após a eliminação da Ucrânia tornou-se uma ameaça permanente
ao mundo livre.
Nos dias atuais de
libertação dos povos, nos dias de anticolonialismo a existência desse império
cruel não tem justificação alguma. É uma aberração, contrária aos princípios
essenciais do mundo culto.
Os abaixo assinados,
representantes das agremiações políticas ucranianas, ora exilados na qualidade
de porta-vozes legítimos do povo ucraniano, hoje privado pelo totalitarismo
moscovita de se manifestar livremente, dirigem-se à Organização das Nações
Unidas e a todos os povos livres, com o apelo no sentido de:
Colocar a questão da
libertação da Ucrânia da dominação russa no foro da ONU, incluindo este caso na
ordem do dia da próxima Assembleia Geral, por ocasião da discussão do problema
do colonialismo em geral.
Seguem-se as assinaturas dos representantes de dez
agremiações e partidos políticos ucranianos, ora em exílio.”
Sr. Presidente, Srs. Deputados, no
momento em que o chefe da Missão Soviética em nosso País, em entrevista à
imprensa, formula votos para que os povos sejam livres, no instante em que se
desencadeia tão boa campanha pela autodeterminação dos povos, conforme diz a
mensagem de Kruschev ao Presidente Jânio Quadros, esse requerimento em forma de
mensagem e apelo à ONU tem na sua expressão dramática um senso de oportunidade
extraordinário.
Solidário com os ucranianos do Paraná
e com todos os do mundo, e tendo em vista as amistosas relações do Poder
Executivo brasileiro com o Soviét. Supremo, ocorre-lhe, secundando o doloroso
gemido que ressoa no desesperado apelo à ONU, solicitar ao Senhor Presidente da
República a sua valiosa intervenção junto a Kruschev pedindo ao imperador de
todas as Rússias a libertação das Ucrânia que está em armas desde 1918 lutando
pela sua independência. (Muito bem; muito bem! Palmas. O orador é cumprimentado),
SALGADO, Plínio. Perfis
Parlamentares. Brasília: Câmara dos Deputados, 1982. Transcrito
integralmente das páginas 392, 393 e 394.
Nota do
Blog:
(1) Plínio
Salgado era então Deputado Federal pelo Estado do Paraná.
Nenhum comentário:
Postar um comentário