Integralismo e História

Como muito apropriadamente sentenciou o Historiógrafo e nosso Companheiro, o Prof. Pimentel da Silva, "estamos cansados desses marxistas travestidos de Historiadores". Assim, a finalidade deste Blog é colocar a disposição do Povo Brasileiro a verdadeira História do Movimento Integralista, inclusive, com a fiel transcrição de Documentos Integralistas, quase sempre sonegados ou reproduzidos parcialmente ou adulterados cinicamente pelos pseudo-Historiadores. Além disso, aqui também serão expostos a Filosofia e o Método Integralistas da História. E, ainda, publicar-se-ão relatos sobre a História do Brasil e do Mundo, de Autores Integralistas.
Pelo Bem do Brasil!
Anauê!

domingo, 28 de novembro de 2010

Como Estudar Plínio Salgado


Humberto Pergher
Humberto Pergher*

O artista ao modelar o barro para dele extrair uma estátua, não só deixa em sua superfície estampados seus traços digitais, muito mais que isso concretiza na obra a sua idéia e personifica nela seu próprio ser de tal maneira, que esta passa a ser seu retrato mais ou menos fiel conforme a perfeição da obra. Através dela entra-se em contato com a riqueza interior, a vibratividade e euritimia do artista e do homem, para com ele sentir as mesmas emoções.

Pode-se ainda entrar em contato, em comunhão íntima de paixões e idéias pela simples visão do artista, ouvindo-o falar especialmente quando à riqueza de vibração aliar uma espontaneidade de expressão oral e mímica; quando à cadência e ao fluir ligeiro do verbo aliar a agudeza de olhar que magnetiza; quando à grandiosidade e profundidade de idéias, quando a sonoridade da voz e intensidade de emoções, à majestosa estruturação do período aliar, paradoxalmente, uma incompreensível pequenez física talhada duramente pela adversidade e pela luta.

Pois esta visão íntima do homem em sua diáfana transparência esta simbólica vivência de idéias e emoções, esta aterradora pequenez do homem frente ao espírito já a experimentaram todos quantos ouviram uma conferencia de Plínio Salgado. Despe-se imediatamente o espírito do ouvinte de quantos atavios por ventura se ache emaranhado e em sua original candura entra em união intelectual com o conferencista, para sorver gota a gota, o néctar que este destila, modicamente, de início; em ritmo crescente, logo após; e, por fim, em torrentes incontidas ocupando o intelecto e a sensibilidade do ouvinte de maneira tão completa que o tempo perde seu valor. Aqui, mais que em qualquer parte, manifesta-se a pequenez do homem ante o infinito e sua grandeza no finito.

Entrechoque da grandiosidade das idéias com a violência dos sentimentos despertados nos espíritos, busca escape emotivo nos vibrantes aplausos e nas palmas espontâneas de quantos auditórios travem contato íntimo com o espírito de Plínio Salgado. Não há necessidade de anterior conhecimento da vida deste escritor, nem tão pouco de suas idéias, de suas lutas, de seu sofrimento em ver sua Pátria, que deseja grande, pujante e cristã, tão amesquinhada, traída tantas vezes, e cada vez mais enfraquecida em suas forças vitais. É suficiente ver sua pessoa, fisicamente pequena e abatida, transformar-se subitamente em um gigante que domina completamente toda uma multidão pela grande e eloqüente cadência de seu verbo, para sentir com o orador um amor imenso por esta terra que é nossa, uma dor pungente pela desdita que a abate, e a necessidade imperiosa de lutar pela sua re-cristianização, único meio de salvá-la e fazê-la feliz.

É suficiente este contacto auditivo - visual – intelectual - emocional para ter-se o homem todo em toda sua riqueza, em toda a sua grandeza intelectual e moral. Então se compreende sua incrível obstinação em lutar, mesmo que seja sozinho, em sacrificar sua grande vocação para a literatura e “recomeçar mil vezes se for preciso para salvar o Brasil”.

Entretanto, muito restrito é o número dos que podem, por este contato direto assimilar os ensinamentos de Plínio Salgado. A grande maioria dos brasileiros deve fazê-lo pela leitura de suas obras embora em todas as suas obras esteja, em sua totalidade, o homem que dedicou sua vida à causa de Cristo e do Brasil, devido à predominância de um dos aspectos de sua doutrina, poderia o leitor ser levado a um conhecimento parcial e, por isto mesmo, falho, do homem e de seu pensamento.

Pela obra se chega ao autor e pelo autor se compreende a obra.

Por onde se vê ser necessário um conhecimento biográfico do autor para melhor compreensão de sua obra. Urge situá-lo em sua época, no meio em que vive, para conhecer quais as influências do ambiente sobre ele e as suas reações. É necessário saber qual a sua formação religiosa, qual sua adaptação social, para melhor compreender e interpretar as idéias mestras de sua doutrina.

No caso do autor da “Vida de Jesus”, torna-se indispensável saber de seu espírito profundamente cristão, conhecer os laços afetivos que o ligam ao Brasil desde os seus ternos anos, quando num ambiente familiar essencialmente cristão aprendeu a amar a Deus e à sua Pátria. Conhecida sua biografia e tendo presente estes fatores fundamentais, pode-se começar o estudo de seu pensamento sociológico e filosófico pela leitura de suas primeiras obras, os romances “O Estrangeiro”, “O Esperado”, “O Cavaleiro de Itararé”, e a “Voz do Oeste”, nos quais procede a um largo estudo social do homem do interior paulistano, em páginas de rara sensibilidade artística e profundo senso objetivo, cônscio do papel do literato no aprimoramento da sociedade.

Nestes seus romances estão lançados os princípios de toda sua doutrina sociológica, política e filosófica. As inúmeras obras que se seguiram são desenvolvimentos dos princípios anteriormente esboçados. O leitor das obras de Plínio Salgado terá sempre presente o espírito profundamente cristão do autor voltado para a realidade brasileira, esperançoso de ver o Brasil cumprir sua missão histórica da qual se fez para sempre o mesmo incansável batalhador, durante sua vida e após ela na duração de seus escritos. Porém, de todas as obras de Plínio Salgado é na “Vida de Jesus”; que mais alto se ergueu seu gênio. Neste livro uni-se a piedade cristã a alma do artista, o espírito do pensador e a visão do homem público para burilar incontestavelmente a maior pérola da literatura brasileira. Na “Vida de Jesus”, os moços brasileiros têm a obra prima do artista, do sociólogo, do cristão, onde a identificação do autor se faz em cada linha e onde seu pensamento se concretizou para a eternidade.

Σ
Σ Σ


É este Plínio Salgado fervorosamente cristão e perdidamente brasileiro que deve ser compreendido em primeiro lugar e está sempre presente ao estudioso de suas obras e de seus escritores. Só assim haverá a perfeita compreensão em sua honestidade intelectual, em sua sensibilidade profundamente humana, em seu ardor apostólico, na crueza apocalíptica de sua analise social do nosso tempo e na certeza absoluta dos superiores destinos do Brasil.

------

* Publicado originalmente em “A Marcha”, 12/02/1954, e posteriormente reproduzido no Vol. VIII da “Enciclopédia do Integralismo”.

domingo, 21 de novembro de 2010

Eu vi o 11 de Maio!

Arcy Lopes Estrella, de pé. Sentado a cabeceira da mesa, o Companheiro Ubiratan Pimentel.

Arcy Lopes Estrella*
Data do ataque de alguns Integralistas ao Palácio Guanabara, no Rio de janeiro, durante a presidência de Getúlio Vargas, em 1938


Às 22 horas do dia 10 de maio de 1938, saia eu do Liceu de Artes e Ofícios na Avenida Rio Branco do Rio de Janeiro, onde estudava no horário da noite.

No Largo da Carioca, tomei o bonde com destino à residência, rua Cargo Coutinho próximo ao Largo do Machado, onde saltei. Havia aí, o famoso “Café Lamas”, ponto de reuniões dos boêmios do bairro.

Naquela noite, era o popular Grande Otelo que fazia o programa. Resolvi entrar. Lá pelas 12 horas, as luzes se apagaram. Que teria acontecido? Ninguém sabia. A gerencia do Café providenciou um Lampião... e a festa continua... Resolvi sair. Na Praça, vejo sair da rua Dois de Dezembro, vários caminhões conduzindo nas carrocerias homens vestidos de macacões azuis e lenços brancos ao pescoço. Não havia iluminação, mas a noite estava clara. Os veículos contornavam a Praça e seguiam pela rua das Laranjeiras. A nossa primeira impressão, era que se tratasse de funcionários da Companhia de Eletricidade, cuja usina ficava no quarteirão entre as ruas Machado de Assis e Dois de Dezembro. Fui dormir.

No dia seguinte, fui trabalhar numa tinturaria na rua do Catete próxima à praça José de Alencar. Ali chegando, encontro-me com o Sr. José Carvalho o proprietário do estabelecimento. Ele como eu, pertencíamos ao Núcleo Integralista das Laranjeiras, cujo chefe, era o saudoso Dr. Rocha Vaz. Disse-me o Sr. Carvalho: “estão anunciando pelo rádio que os integralistas invadiram esta noite o Palácio Guanabara. Você não sabe de nada? Não, respondi, Me determina então o Sr. Carvalho: “Você fica dispensado hoje, mas, fica com a bicicleta. Procure ver o que está acontecendo. O que souber, venha me dizer”.

Assim foi feito. Minha primeira iniciativa, foi pedalar com destino ao Palácio Guanabara.

Rodei pela praça José de Alencar, rua Marques de Abrantes e dobrei na Payssandú. A certa altura, defronto com um grupo de homens que vinham a passos largos. Um dos homens me pareceu ser da policia. Fez sinal para que eu me afastasse. Apeei da bicicleta e a encostei numa palmeira. Era o Presidente Getulio Vargas que caminhava com destino o palácio do Catete, alias, como fazia todas as manhãs, passando em frente a nossa loja. Passando o grupo, continuei a minha rota. Na Pinheiro Machado, onde tem sede o Guanabara, não pude entrar. Ali estava um Batalhão de soldados. Volto à tinturaria. O Sr. Carvalho me diz: “O Getulio, passou agora mesmo”, e que o Tenente Fournier Junior, se encontrava exilado na Embaixada Italiana. Apanhei na vitrine, um terno de roupa e simulei a entrega a fregueses. Rodei para a Sede da Embaixada que ficava nas Laranjeiras. Também ali não pude entrar. A policia cercava.

De volta, entro na Igreja no Largo do Machado para rezar. Ao terminar as minhas orações, fui chamado pelo Padre, para uma pequena reunião que se fazia no Salão Paroquial. Vou à loja e volto em seguida para a reunião. Nesta, foi criado um grupo de assistentes sociais que se destinava a ajudar ás famílias dos presos políticos. Eu me apresentei como voluntário. Graças a Deus, o trabalho dos sacerdotes foi um sucesso! Trabalhei até o mês de Julho do ano seguinte, quando após libertar da policia política o Companheiro Manoel Paixão, o “Baiano”, um motorista da praça, tive que, numa fria madrugada, me mandar para a Vila Militar, onde assentei praça voluntariamente, no Regimento – Escola de Cavalaria Andrade Neves, de onde, após a minha incorporação, tive licença para voltar ao Catete, indo, em primeiro lugar, à Igreja onde dei ali por fim, o meu trabalho. Fiz uma boa confissão. Nossa Senhora, muito me ajudou.

Na década de 70, o General Jayme Ferreira da Silva fazia reuniões de Companheiros em seu escritório no Centro da Cidade. As reuniões se faziam aos sábados. Em uma dessas tardes, conheci então, o Almirante Julio Nascimento, que disse ter sido o Comandante-Chefe do Levante ao Guanabara em 11 de Maio de 1938, quando na época era oficial – Tenente da Escola Naval. Em palestra, fez um histórico do acontecimento. Disse-nos o Oficial, que “depois de 3 horas de espera pelo reforço que nunca chegava, conforme o combinado, teve que ordenar a debandada de seus comandados, ficando apenas um pequeno grupo que resistiu, sendo estes presos e desarmados e sumariamente fuzilados às 5 horas da manhã”. As nossas homenagens aos bravos integralistas que morreram pela Liberdade e a Democracia!


* ∑. Fundador do Centro Cultural Plínio  Salgado (CCPS), em Rio do Ouro, Município de São Gonçalo (RJ), e editor do Boletm “Alerta!”. Nasceu em Rio Bonito(RJ), em 24 de Junho de 1917, e foi transferido para a Milícia do Além em 12 de Janeiro de 2004.

Oswaldo Teixeira e a Capa da Revista "Anauê!"

Jorge Figueira*

O cartaz que ilustra este artigo foi produzido pelo artista, ganhador de diversos prêmios nacionais, internacionais e membro da Academia Brasileira de Belas Artes, Sr. Oswaldo Teixeira (1904-1974). Veiculada pela primeira vez na capa da revista Anauê! Nº. 2 de 1935, veio a tornar-se uma das imagens mais marcantes da Acção Integralista Brasileira (1932-1937).

Ela representa, principalmente, a presença do Integralismo em todo o território nacional, pregando assim o Sigma e mostrando com esta ação o objetivo da AIB: unificar o Povo Brasileiro em torno de uma Doutrina Espiritualista. Além desta análise, pode-se observar que o Integralista uniformizado que se encontra pregando o Sigma no mapa é um jovem de imagem heróica pronto para se sacrificar pelo bem do Brasil.

A opção por desenhar um jovem não foi por mero acaso, o Integralismo nos anos 30 era composto em sua maioria de jovens moços, contrariando muitos pesquisadores que insistentemente sugerem que a Acção Integralista Brasileira era composta em sua maioria pela classe média e o clero, portanto, nada mais fiel do que retratar um jovem caracterizando um novo amanhã.

A imagem deste cartaz é inspirada nitidamente no realismo heróico, que foi um estilo artístico de propaganda muito utilizado pelos movimentos políticos dos anos 30 no Brasil e no mundo. Embora boa parte da utilização do realismo heróico estivesse confinada às propagandas Socialistas, a imagem criada por Oswaldo Teixeira resgata essa representação artística para o movimento nacionalista, e prioriza principalmente as cores fortes para demonstrar força, poder e nacionalidade sem ofuscar o elemento heróico do Integralista comum.

O cartaz como meio de comunicação de massa teve seu apogeu entre os anos 30 e 40. Tornou-se um recurso popular para a divulgação de idéias e conceitos dos movimentos políticos transformando-se num canal direto entre os governos e as massas de cidadãos que viviam nos grandes centros urbanos. Não se sabe se o autor ao criar esta imagem tinha pretensões que ela se tornasse um poderoso cartaz de propaganda do Integralismo, porém, pode-se afirmar com certeza que isto aconteceu, sendo usado, mais de 70 anos depois, pelo Movimento Integralista atual.

Para que se possa entender como a imagem que ilustra o artigo tem uma imensurável importância no Integralismo, podemos fazer um paralelo com a imagem do Chefe Nacional Plínio Salgado. Nos Núcleos Integralistas espalhados pelo Brasil era obrigatório que estivesse presente a imagem do Chefe Nacional, onde todos os novos militantes Integralistas deveriam proclamar solenemente, diante do retrato do Chefe, a seguinte promessa: “Juro por Deus e pela minha Honra trabalhar pela Acção Integralista Brasileira, executando sem discutir, as ordens do Chefe Nacional e dos meus superiores hierárquicos”. Este juramento era uma diretriz dos Protocolos e Rituais da AIB. Para a imagem do Sr. Oswaldo Teixeira, não havia nenhuma resolução nos Protocolos e Rituais da AIB que fizessem a sua presença obrigatória dentro do Núcleo, porém, muitas dessas imagens foram destacadas da revista “Anauê!” e colocadas nos Núcleos a fim de simbolizar a unidade nacional do Integralismo.

Buscando informações sobre esta ilustração e sobre seu autor me deparei com um imenso vácuo histórico que há sobre ambos. O artista Oswaldo Teixeira foi durante as décadas de 50 e 60 renegado ao exílio da historia artística nacional, justamente por ter contribuído artisticamente para o Integralismo. Para se encontrar algo sobre esse grande brasileiro foi uma verdadeira cruzada. Já a revista “Anauê!”, apenas o Centro Cultural Arcy Lopes Estrella possui o exemplar digitalizado, é uma pena que outros arquivos e bibliotecas públicas não possuam este material para disponibilizar aos pesquisadores interessados sobre o assunto, talvez seja por este motivo que não haja outros estudos mais aprofundados sobre o tema.
Artigo retirado do boletim Bandeira do Sigma, nº. 5 de 2009
*∑ - Publicitário. Presidente dos Núcleos Integralistas do Estado do Rio de Janeiro – NIERJ.