Integralismo e História

Como muito apropriadamente sentenciou o Historiógrafo e nosso Companheiro, o Prof. Pimentel da Silva, "estamos cansados desses marxistas travestidos de Historiadores". Assim, a finalidade deste Blog é colocar a disposição do Povo Brasileiro a verdadeira História do Movimento Integralista, inclusive, com a fiel transcrição de Documentos Integralistas, quase sempre sonegados ou reproduzidos parcialmente ou adulterados cinicamente pelos pseudo-Historiadores. Além disso, aqui também serão expostos a Filosofia e o Método Integralistas da História. E, ainda, publicar-se-ão relatos sobre a História do Brasil e do Mundo, de Autores Integralistas.
Pelo Bem do Brasil!
Anauê!

domingo, 7 de setembro de 2014

Carta de Plínio Salgado a Manoel Pinto, datada de Milão, 04 de Julho de 1930.

Estou hoje convencido de que o Brasil não póde continuar a viver na comedia democratica. Ahi, eu já era um descrente em relação ao suffragio. A eleição que juntos fizemos (1), inspirou-me uma profunda repulsa pelo regimen. O artigo que, logo depois, escrevi no "Correio", contem os cavallos de Troya de meu pensamento revolucionario. De ha tempos que me impressiona o enfraquecimento do poder central; as unanimidades estaduaes; a politica economico-financeira de cada Estado, consultando interesses de grupos; a falta de unidade no apparelhamento da instrucção publica, da hygiene, da justiça; a ausencia de um apparelhamento de funcção technico-commercial que seria precioso para a nossa expansão no Exterior; a situação deprimente dos nossos parlamentares, lacaios do poder ou demagogos liberaes-democraticos, verdadeiros somnambulos que não atinam com a causa primeira dos males da Nação; o feiticismo das formulas constitucionaes, burladas frequentemente, mas respeitadas como Budhas, o que occasiona a descrença do Povo; a nossa defesa nacional, sem efficiencia nenhuma, um exercito fabrica de revoluções, as lutas em cada successão presidencial, desorganizando a vida do paiz e gastando rios de dinheiro com os jornalistas venaes e os politicos que tresandam a podridão, a imprensa vergonhosa que temos; a advocacia administrativa, cancro nacional, e a protecção politica, lepra deformadora.

Numa situação como essa, os dois perigos, que os governos não veem; não creem: - o espírito de regionalismo que se accentua dia a dia e que nos leva a caminho do separatismo, e a questão social, que nos arrastará, de um momento para outro, ao bolchevismo. Os que teem a noção dessas cousas são chamados ahi loucos, sonhadores e poetas. Os homens de juizo são os inconscientes, de espirito burocratico, os administradores de fachada e os homens de negocios... E o que ha de peor no Brasil é o materialismo grosseiro em que vivemos, a falta de coragem, a incapacidade para o sacrificio, a ausencia absoluta de espirito nacional. O Imperio legou á Republica um paiz unido, homogeneo, vibrando pelo mesmo coração. A Republica, com mais vinte ou trinta annos compeltará sua obra de dissociação... É necessartio agirmos com tempo de salvarmos o Brasil. Tenho estudado muito o fascismo: não é exactamente esse o regimen que precisamos ahi, mas é cousa semelhante. O fascismo, aqui, veiu no momento preciso, deslocando o centro de gravidade da politica, que passou da metaphysica juridica, para as instituições das realidades imperativas. O Estado Fascista, sendo uma concepção mais ampla do que os limites traçados ao conceito do Estado nos regimens de indole liberal-democratico, veiu interferir em varias actividades, modificando lineamentos anteriores do direito constitucional, do direito administrativo, e influindo mesmo na esphera civil, commercial e criminal, porque o Fascismo não é propriamente uma dictadura (como está seno o governo da Russia, emquanto não chega á pratica pura do Estado Marxista), e um regimen (2). Penso que o Ministerio das Corporações é a machina mais preciosa. O trabalho é perfeitamente organizado. O capital é admiravelmente controlado. O parlamento é constituido pela representação de classes. Esta ultima cousa seria preciosa num paiz novo como o Brasil por dois motivos: teriamos precisão TECHNICA nas leis, e amorteceriamos o espirito regional nos parlamentos estaduaes. Ha outras cousas interessantissimas aqui.Volto para o Brasil disposto a organizar as forças intellectuaes esparsas, coordenal-as, dando-lhes uma direcção iniciando um apostolado. Contando eu a Mussolini o que tenho feito, elle achou admiravel o meu processo, dada a situação differente do nosso paiz. Também como eu, elle pensa que antes da organização de um partido, é necessario o movimento de idéas. Aliás, a minha orientação não teve nenhuma influencia fascista. O encontro com Mussolini foi apenas o momento historico em que tomei uma decisão. É a fascinação de Roma. Em Roma tudo nos convida á luta. A nossa personalidade cresce agressivamente, entre os vestigios dos povos que passaram a vida lutando. Uma manhã, no alto do Janiculo, junto á arvore de Torquato Tasso, com o panorama de Roma a meus pés - o Colyseu e o Vaticano, o Forum Romano e as Thermas de Caracalla, o Aventino e o Polatino, e os palacios seculares que sobem e descem pelas collinas, eu senti uma saudade immensa do Brasil. E sentindo este amor da Patria, pensei em todas as marchas da cidade Eterna e reflecti sobre a necessidade que temos de dar ao povo brasileiro um ideal, que o conduza a uma finalidade historica. Essa finalidade, capaz de levantar o povo é o Nacionalismo, impondo ordem e disciplina no interior, impondom a nossa hegemonia na America do Sul, principalmente no Prata. Voltarei para combater esse combate cheio de enthusiasmo.

- Nós precisamos mesmo reformar esse Brasil!

- Recebi uma carta de Ribeiro Couto, longa e com as mesmas idéas politicas minhas. Hoje, no Brasil, ha bem um milheiro e pouco de moços pensando assim. Portanto, porque não fazemos a nossa entrada na Historia?


(a) PLINIO (3).

Notas do Blog:
1 - Refere-se às Eleições de 1928, em que Plínio Salgado foi Eleito Deputado Estadual, pelo Partido Republicano Paulista.

2 - Lembramos que Plínio Salgado  descreve o Fascismo que conheceu em 1930, e que se modificaria e muito nos anos subsequentes.

3 - Foi conservada a ortografia da época. 

Transcrito integralmente das páginas 18, 19, 20 e 21 do Livro Plínio Salgado. 1. ed. São Paulo: Panorama, 1936.