JORNAIS
SEM PROBIDADE*
A
indústria do “canard” usada como arma de combate.
Os “Diários
Associados” e seus métodos reprováveis
Criticando
um ato do governo da Bahia, referente à suspensão do pagamento da dívida
externa, manifestou esta folha sua desaprovação a tal medida. E fê-lo dentro de
um dos mais comezinhos princípios básicos do Integralismo, qual é o da absoluta
uniformidade de atitudes dentro do plano nacional. A nação inteira está farta
de saber qual o ponto de vista do Integralismo em relação ao nosso serviço de
dívida externa. Todos sabem que faremos a necessária revisão desse serviço, e
em hipóteses alguma deixaremos de saldar o que, após rigoroso e sereno exame,
representar nosso débito real, puro e simples. Isso, porém, só se pode compreender,
embricado no corpo de um sistema, obedecendo a um plano nacional, a que todos
os serviços estaduais deverão harmonicamente subordinar-se. E não foi isso o
que se passou no caso da Bahia; mas ao contrário; em pleno vigor do esquema
Oswaldo Aranha, plano financeiro que tem como centro de gravidade o governo da
União, um Estado singularmente isolado, foge à norma geral em vigor, e,
desrespeitando ostensivamente o critério da Unição, toma uma atitude em inteiro
desacordo com aquela que vem sendo assumida pelo governo Central.
Acresce,
ainda, a tudo isso, a circunstância de que tal medida assecuratória do direito
do Brasil, contra a cupidez dos banqueiros sem pátria, não deve deixar sem
garantias os portadores de títulos nossos, que afinal nenhuma culpa tiveram de
se tornarem seus possuidores, pois se o fizeram foi por lhes ter sido
proclamada a seriedade do emissor.
O
Estado Integral estudará os meios de extirpar o cancro do intermediário, e de
vincular os direitos de tais portadores diretamente ao seu acervo de obrigações; e isso não se pode
obter sem um aparelhamento financeiro adequado.
E
foi sob essa nota de A OFFENSIVA que os “Diários Associados” ensaiaram um dos seus
habituais escândalos, reveladores de uma certa apertura na gerência, e de
incrível desembaraço das leis e normas que fazem a ética mais elementar da
imprensa de responsabilidade.
Se
os dirigentes de tais diários julgam conhecer a psicologia do público, e creem
que destarte podem, à vontade, jogar com ela, não se devem esquecer, como bons
psicólogos de que esse público já os conhece de sobra, e começa já a identificar
com eles os seus novos processos jornalísticos.
Culminando
(ou melhor, prosseguindo, porque é difícil saber-se a que culminâncias irá o
inescrúpulo de tal gente), prosseguindo na sua campanha de mentiras contra o
Integralismo o “Diário da Noite” anuncia uma crise no Integralismo, porque o
sr. Souza Dantas emitiu sua opinião pessoal sobre o caso. Pobres homens, os que
pensam dividir os camisas verdes com manchetes espetaculares...
Em
tal “palpite”, como lhe chama o próprio sr Souza Dantas, é difícil saber-se
onde acaba a má fé e onde começa a candura, pois todo ele é de uma mediocridade
comovedora e, até certo ponto, destoante da capacidade técnica que os Diários
Associados têm revelado na indústria da mistificação. Tanto que soube do “palpite”
o sr. Souza Dantas correu à redação e escreveu as linhas que abaixo
publicamos.]
Tudo
isso é, como se vê, profundamente desolador. Não pretendemos, de resto, fazer
polêmica com tal imprensa. Não podemos estar daqui a perder tempo com jornais
que desconhecem rudimentos de ética, e que possuem uma filosofia toda especial
que os tranquiliza a eles, e que a nós outros, causa simplesmente nojo, repugnância
e tristeza.
DECLARAÇÃO
DO SR. SOUZA DANTAS
Sr.
redator.
Lendo
o “Diário da Noite” de ontem, extraí os títulos e subtítulos com que aquele
jornal apresentou ao público algumas declarações minhas, a respeito da suspensão
de pagamento por parte do governo da Bahia.
Seria
estranhável, efetivamente, que a simples manifestação de uma opinião que em
nada colide com a diretriz da ação Integralista, recentemente traçada no manifesto
publicado pelo Chefe Nacional, sr. Plínio Salgado, pudesse servir de motivo ou
pretexto à irrupção de uma crise, no Integralismo.
Não
há, nem haverá, por minha causa, crise alguma, visto como não há discordâncias
doutrinárias que pudessem justificá-la.
Entendo
que A OFFENSIVA não foi nem poderia ir de encontro à orientação traçada no
manifesto, com a qual estou de pleníssimo acordo. O que A OFFENSIVA vem
criticando é a “forma”, não a substância do ato do governo baiano. O que ele
estranha e censura não é a resolução de suspender pagamentos, e sim as
circunstâncias isoladas que cercaram essa resolução. A singularidade desse procedimento,
excepcional dentro do “esquema” Oswaldo Aranha, é que A OFFENSIVA quer apontar como danosa à
orientação e ação do governo federal.
Como
se vê, não há qualquer motivo para crises, pelo que lhe peço o obséquio de
desautorizar categoricamente semelhante “palpite”.
* Editorial transcrito do jornal A OFFENSIVA, Rio de Janeiro, 04 de Fevereiro de 1936, págs. 1 e 8, graças à generosa cooperação do Pesquisador Matheus Batista que nos deu acesso ao recorte pertencente a sua riquíssima hemeroteca. Para compreender a importância histórica do editorial deve se ler também o seguinte: O Problema das Dívidas Externas (1936)
Nenhum comentário:
Postar um comentário